Qual a melhor parte e o maior desafio de ser editora de um selo como a Galera Record?
Ser editora da Galera Record é, acima de tudo, uma honra e um desafio imensos. O catálogo da Galera é um sonho para qualquer editor trabalhar, já que temos os maiores nomes do mercado de fantasia e YA. É muito incrível também porque somos uma equipe de editoras e também de fãs dos nossos livros. Também sentimos a grande responsabilidade que é falar diretamente com um público formador de opinião e o futuro do país.
Pode contar para a gente o que faz um editor de livros?
O editor é, fundamentalmente, o principal responsável para garantir que um livro nasça. Ele é o gestor do livro, desde o contato com os agentes até a troca com o próprio autor do livro. Fazemos a ponte entre os tradutores, preparadores e os ilustradores de capa, assim como nós mesmos lemos o livro para garantir que tudo saia dentro do nosso padrão de qualidade. Também precisamos enxergar a programação da editora de uma maneira mais macro, para entender onde o livro melhor se encaixa dentro dos lançamentos do ano.
Conta um pouco sobre a sua trajetória antes de entrar na Galera. O que é preciso estudar e quais experiências profissionais são importantes para trabalhar em uma editora?
Sou formada em Produção Editorial, que é a faculdade voltada para a formação de editores de livros. Foi uma excelente oportunidade já que os professores eram pessoas com experiência em editoras e que puderam me ajudar a entender como funciona o mercado editorial. Muitos dos meus colegas de faculdade trabalham hoje em editoras, o que nos ajuda a trocar experiências. Comecei a estagiar em editoras e desde então não parei. Mesmo tendo sido esta a minha entrada no mercado, existem profissionais de várias áreas, como Letras, Jornalismo, História e até Publicidade. Uma experiência que, para mim, se mostrou ser de grande importância foi também começar a fazer freelas para outras editoras, de revisão e preparação, pois isso não apenas me ajudou a trabalhar melhor com o texto, mas também a conhecer novas pessoas, que trabalhavam em outros lugares.
A Galera é um selo com muita interatividade e troca com o leitor, como vocês lidam com as críticas e os fandoms apaixonados?
Entendemos que tudo faz parte do processo, ainda mais porque nós mesmas somos fãs de livros, tanto dos nossos quanto de outras editoras. O fã é aquele que move as paixões das nossas séries e adoramos acompanhar a repercussão daquilo que fazemos com tanto carinho. Sabemos que não é possível agradar todo mundo, e procuramos saber a opinião de todos aqueles que tiram um pouco do seu tempo para falar nas redes, ou até conosco, sobre os nossos livros para pensar em como sempre fazer tudo melhor.
Qual foi o maior ensinamento que você teve trabalhando com livros?
Que o livro vai muito além do texto. Como leitora assídua, eu sempre me liguei apenas ao texto em si, sem pensar muito em tudo que precisava acontecer para que ele chegasse às minhas mãos e até ao meu conhecimento. Trabalhar como editora me fez entender o livro como um projeto, em que cada parte precisa funcionar da melhor maneira possível para que ele seja concretizado. O texto, a capa, a diagramação, o marketing. Não existe um sem o outro, e são processos de que um editor precisa estar ciente a cada etapa, mesmo que não seja ele que o esteja tocando. Somos os guardiões dos livros, por assim dizer.
Você sempre soube que queria trabalhar como editora?
Sendo honesta, por muito tempo eu nem sabia que existia essa opção. Para mim ler sempre foi uma paixão, mas nunca havia parado para pensar em todo o trabalho que acontecia por trás. Na época do vestibular, tive um momento de crise existencial, onde não conseguia me enxergar entrando em nenhuma profissão que fosse me satisfazer. Pensei bem em tudo o que eu gostava, e cheguei à conclusão de que o maior amor da minha vida sempre haviam sido os livros. Com esse ponto de partida comecei a pesquisar as minhas opções e descobri que existia, dentro de Comunicação Social, a Produção Editorial. Felizmente consegui passar para o curso e a partir daí nunca mais olhei para trás.
Qual conselho você daria para quem sonha em trabalhar na Galera Record?
Antes de tudo, ame muito e intensamente ler. Em seguida, procure descobrir um pouco mais sobre como funciona a cadeia do mercado editorial e em quais são os seus pontos fortes, e como você poderia se encaixar ali. Trabalhar com texto, ser ilustrador, diagramar, equipe de marketing e comercial. Existem diversas possibilidades. Fique atento à newsletters do mercado editorial, onde muitas vezes surgem a possibilidade de vagas, e leia bastante notícias para ver as tendências. Se possível, os cursos profissionalizantes são bons lugares para conhecer pessoas e fazer contatos.
Qual livro da Galera você mais amou fazer e por quê?
O Corte de chamas prateadas da nossa rainha Sarah J. Maas. Foi o meu primeiro grande projeto como coordenadora editorial da Galera e posso dizer com toda a certeza que foi um marco pessoal na minha carreira como editora. Representava um dos maiores lançamentos do ano, com fãs extremamente apaixonados e com uma grande tiragem. As expectativas estavam altíssimas e foi um desafio que a equipe da Galera encarou de frente. Além disso tudo, tem o ingrediente mais do que especial de que eu já era fã da série Corte, e trabalhar como profissional no meu primeiro Sarah foi incrível.
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